quinta-feira, 27 de junho de 2024

SIPA

http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=14120 

Descrição 
Planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor e sacristia, de planta quadrangular, adossada a S.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, em telhados de 2 águas na igreja e de 4 na sacristia. Fachadas em alvenaria rebocada e pintada a branco, com embasamento marcado por faixa pintada a cinzento, cunhais apilastrados, rematados por pináculo, e cornijas em cantaria de granito. Fachada principal orientada a O., terminada em empena, truncada por campanário, de 2 ventanas em arco pleno, rematado em cornija e coroado por cruz sobre pedestal decorado por volutas, ladeada por pináculos. Portal axial de verga recta e moldura simples, sobrepujado por cornija e óculo. Alçado N., tendo na nave, porta de vão recto e janelão de verga curva. Alçado S. com porta de verga recta, e 2 janelões de verga curva, na nave, e janelo rectangular na capela-mor. Alçado posterior cego e terminado em empena angular rematada por cruz sobre pedestal decorado por volutas, na capela-mor e com janelo rectangular na sacristia. Acesso exterior à sacristia por porta de verga recta no alçado O.. No INTERIOR, nave única; coro-alto com balaustrada de madeira e acesso por escada de lanços perpendiculares, apoiando-se em guarda-vento em alvenaria e com portas de madeira, envidraçadas. No sub-coro, do lado do Evangelho, pia baptismal, em granito, de secção hexagonal. Na nave, portas de acesso ao exterior colocadas simetricamente. Do púlpito, conserva-se apenas a base sobre uma mísula, em granito, colocada do lado do Evangelho. Altares laterais, de planta recta, em madeira pintada e dourada: do lado do Evangelho, retábulo de 1 só eixo, com nicho central em arco canopial, enquadrado por motivos vegetalistas dourados, do lado da Epístola, retábulo de 3 eixos verticais, com nicho central ladeado por edículas, sendo o conjunto enquadrado por par de colunas compósitas, de fuste liso e canelado, que suportam entablamento e frontão com a data "1881" inscrita no tímpano. Par de retábulos de ângulo, de planta recta e 1 só eixo, em talha pintada e dourada, com nicho central enquadrado por par de colunas pseudo-salomónicas que se prolongam em arquivolta. Pavimento da nave em soalho, paredes rebocadas de branco e cobertura em tecto de secção poligonal, em madeira. Arco triunfal, pleno, sobre pilastras, em cantaria de granito. Capela-mor com janelão do lado da Epístola e porta de acesso à sacristia do lado do Evangelho, pavimento em lajeado de granito, com 3 degraus de acesso à zona do altar e cobertura em falsa abóbada de berço, em madeira; retábulo de planta côncava e estrutura tripartida, em talha dourada e pintada; trono central, sob cúpula, ladeado por edículas enquadradas por colunas pseudo-salomónicas que se prolongam em arquivoltas; decoração com parras, cachos de uva e putti. Sacristia com porta de acesso ao exterior na parede O.; na parede E., janelo e lavabo, em granito, com bacia e espaldar decorado por motivos geométricos; arcaz, de madeira escurecida, com alçado recortado e 8 gavetas decoradas com volutas. 
Acessos 
A partir de Alfândega da Fé, pela EN 315, em direcção a Mirandela; após 10 km, à direita, por EM em direcção a Soeima.
 Protecção 
Inexistente 
Enquadramento Rural, isolado. A aldeia implanta-se sobre uma linha de cumieira, nas faldas da serra de Bornes, localizando-se a igreja no ponto mais elevado, no limite NO da povoação. Situa-se no centro de um adro, limitado por muro de alvenaria rebocada, com acesso por 2 portões laterais e 1 portão axial, gradeados, com ombreiras em cantaria de granito, e pavimentado a cubo de granito. 
Descrição Complementar 
 Utilização Inicial 
Religiosa: igreja paroquial 
Utilização Actual 
Religiosa: igreja paroquial 
Propriedade 
Privada: Igreja Católica (Diocese de Bragança - Miranda) 
Afectação
 Sem afectação 
Época Construção 
Séc. 17 
Arquitecto / Construtor / Autor 
Desconhecido. 
Cronologia 
Séc. 17, 2ª metade - provável construção da actual igreja; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa era anexa à abadia de Sambade, cujo abade apresentava o pároco; a povoação tinha 69 vizinhos; séc. 18, 1ª metade - retábulo-mor; 1796 - Soeima possuía 396 almas e a igreja de São Pelágio de Soeima era Vigararia, de apresentação do Reitor de Sambade, com um rendimento de 47 mil e 200 réis (MENDES, 1991: 263/4); 1864 - 1865 - o pároco tinha 229$000 réis de rendimento; 1881 - altar e retábulo colateral, do lado da Epístola (data no frontão); 1885 - a povoação pertencia a Castro Vicente, passando, nesta data, a Alfândega da Fé, e, mais tarde, para Macedo e, posteriormente, Alfândega da Fé; séc. 20, década de 20 - reparação da igreja e construção do muro do adro; nesta data, continuavam a processar-se enterramentos no interior do templo; tinha quatro altares; 1926 - a povoação tinha 112 fogos e 560 habitantes; 1951 - restauro da igreja; 1954 - restauro e pintura do retábulo-mor. 
Dados Técnicos Sistema estrutural de paredes portantes. 
Materiais Paredes em alvenaria; pavimento da capela-mor, vãos, cornija e pináculos em cantaria de granito; coro-alto, tectos e retábulos em madeira; pavimento da nave em soalho; cobertura em telha. Bibliografia 
COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706, tomo I; MENDES, José Maria Amado, Trás-os-Montes nos finais do séc. XVIII, Coimbra, 1981; PEREIRA, Fernando Pires, A ourivesaria religiosa - concelho de Alfândega da Fé, Alfândega da Fé, 1994; VILARES, João Baptista, Monografia do Concelho de Alfândega da Fé, Porto, 1926. Documentação Gráfica
 IHRU: DGEMN/DSID 
Documentação Fotográfica
 IHRU: DGEMN/DSID 
Documentação Administrativa 
 Intervenção Realizada 
PROPRIETÁRIO: 1951 - restauro da igreja; 1954 - restauro e pintura do retábulo-mor; 1999 - colocação de nova cobertura exterior; 2000 - pavimentação do adro a cubo. 
Observações 
 Autor e Data 
Miguel Rodrigues 2001 
Actualização 
Maria Guimarães 2002

HISTÓRIA

 

SOEIMA COM HISTÓRIA PARA CONTAR

As memórias de antigamente chegam com um misto de alegria e tristeza. Tempos em que qualquer acontecimento (às vezes, bastava ser domingo) servia de pretexto para fazer uma festa. Raparigas que, às escondidas dos pais, dançavam ao som de um realejo ou concertina. O cuidado na roupa que se vestia para ir à missa dominical. As tardes solarengas passadas entre as escadas do cruzeiro central e a porta da taberna. 

Hoje, os dias em Soeima, perdida a 1083 metros de altitude na encosta nascente da Serra de Bornes, no concelho de Alfândega da Fé, passam mais devagar. Desapareceu a alegria e animação que os tornava diferentes e únicos, assim como os jovens que teimam em não permanecer na aldeia. Já não se sentem os risos e gritos de crianças, nem se joga ao fito, arraiola, pião ou mourão que, antigamente, eram os únicos divertimentos dos habitantes de Soeima. Aos poucos, o tempo livre daqueles que ainda resistem foi substituído pela televisão. Os que decidiram sair da aldeia, à procura de uma vida melhor, regressam na altura da festa em honra de Santa Luzia, que se realiza no Verão. Os habitantes, no entanto, contam que, antigamente, as festividades eram dedicadas a São Barnabé, que, segundo os populares, afastava as trovoadas da aldeia. “As outras localidades manifestaram-se, porque diziam que o São Barnabé de Soeima afastava-as de cá e mandava-as para outro lado e, por isso, deixámos de fazer a festa”, conta Manuel Arão, um habitante da localidade. Contudo, o padroeiro da aldeia é São Pelágio, oriundo da Galiza (Espanha), que, aos 13 anos, foi entregue aos mouros. Como um homem tentou seduzi-lo, a criança repudiou-o. Devido a este gesto, foi cortado aos pedaços e lançado ao rio. 
Soeima foi palco de confrontos entre liberalistas e absolutistas, durante a Guerra Civil 
O topónimo Soeima provém da palavra árabe, Zoleiman, pelo que a fundação da aldeia remonta a essa época. Existem, ainda, vestígios do período romano, como uma fonte de pedra. Posteriormente, durante a Guerra Civil, entre 1832 e 1834, Soeima foi palco de violentos confrontos entre os partidários de D. Pedro e Miguelistas, que existiam em grande número na aldeia. Actualmente, origens e histórias caíram no esquecimento e a população preocupa-se em conseguir tirar proveito e rendimento daquilo que a terra ainda dá, como a castanha, que assume um papel muito importante na economia da aldeia. No entanto, devido ao envelhecimento dos habitantes, é cada vez mais difícil trabalhar na agricultura, pelo que as necessidades de Soeima passaram a ser outras. “Está prevista a instalação de um Centro de Dia no edifício abandonado da escola primária”, informou o presidente da Junta de Freguesia de Soeima, António Queijo. O autarca pretende, ainda, construir um pavilhão polidesportivo, de modo a atrair jovens à pequena localidade, com cerca de 150 habitantes.
Jornal Nordeste